Ceale inicia curso de atualização sobre leitura interdisciplinar para professores da rede municipal

Iniciativa é mais uma parceria da Prefeitura de Belo Horizonte com o Ceale


     

Acontece • Quarta-feira, 26 de Setembro de 2018, 18:22:00

 
Ontem, no período da tarde, ocorreu na Faculdade de Educação (FaE) da UFMG a primeira aula da turma do período da tarde do curso de atualização “Práticas de leitura e ações interdisciplinares nos anos finais do Ensino Fundamental”. Além dessa, há mais quatro turmas que terão o mesmo conteúdo ao longo de oito encontros. Os encontros têm o objetivo de tornar claro para as professoras participantes como construir um projeto de leitura que faça uma relação entre as várias aulas e disciplinas da escola. Para isso, serão trabalhadas as concepções que se tem de leitura, as suas práticas nos diferentes meios (desde o papel até a internet), critérios para a escolha de textos, além de estratégias didáticas e avaliativas para as atividades de leitura. Na turma acompanhada ontem, quem comandou a formação foi a professora da Faculdade de Letras (FALE) da UFMG e pesquisadora do Ceale Delaine Cafiero Bicalho.
 
Os dois grandes focos dessa primeira aula foram a contextualização e o diagnóstico do tema a partir da noção que se tem de leitura, onde foram trazidas algumas definições e questionamentos, e a discussão acerca das concepções de linguagem e de ensino de leitura, demonstrando que ela vai muito além da aula de português. A partir do direito de todos a aprenderem a ler, escrever, falar e ouvir, Delaine afirmou que “o que a escola precisa garantir é o direito do uso público [da leitura], saber falar para ser ouvido em todas as situações, sabendo ler todos os textos que circulam, inclusive os textos da internet...” .
 
Durante o debate com as professoras presentes, que comentaram suas próprias experiências, ela demonstrou como a leitura é muito mais ampla do que se pensa, indo além do texto literário. Dessa forma, muitas vezes é dito que um aluno não gosta de ler quando, na verdade, ele faz leituras que não são reconhecidas pelo professor. Assim, segundo ela, é necessário que os estudantes tenham a possibilidade de ter um papel ativo na escolha daquilo que será lido, tendo o auxílio do professor e não a sua censura.
 
Além dessa e outras questões trazidas, também houve a análise de um conjunto de dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2005 até 2015 e do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) do Instituto Paulo Montenegro que demonstram que se por um lado quanto maior a escolarização da população, maior a probabilidade deles alcançarem níveis mais altos de alfabetismo, por outro, existem muitas pessoas que estão concluindo o ensino médio e até mesmo o superior sem o nível de pleno alfabetismo. Partindo desse ponto, Delaine mostrou que cabe ao coletivo da escola lidar com os problemas de alfabetização trabalhando para resolver questões como a fragmentação do ensino e a falta de articulação entre segmentos.
 
Na segunda parte da aula foram trazidos conteúdos para exemplificar como o letramento é uma prática social e que, portanto, prescinde do uso da leitura e da escrita no dia a dia e de conhecimentos para além do texto. Para isso foram analisadas algumas tirinhas, a capa de uma revista (VEJA. “Frios e dissimulados”. Veja, ed. 2057, capa, 27 abr. 2008.) e a fábula “A tartaruga e o peixe”. As professoras também tiveram como “para casa” atividades relacionadas ao entendimento do letramento que os seus alunos já possuem, para a partir daí poderem construir práticas de leitura de forma mais consciente.