Todos para a biblioteca!

Nas cinco bibliotecas coordenadas por Geisy Moraes, quem manda são as preferências de estudantes, pais e demais frequentadores


     

Letra A • Quarta-feira, 09 de Dezembro de 2015, 20:05:00

Por Eliza Dinah

Na Escola Municipal Professor Milton Lage, em Belo Horizonte (MG), é comum a distribuição de senhas para os alunos acessarem a biblioteca. O que, por um lado, sinaliza a necessidade de um espaço maior, por outro, mostra o sucesso do trabalho da pedagoga e bibliotecária Geisy Moraes. “Temos uns banquinhos plásticos usados para tentar compensar a falta de espaço. Eu queria ter uma biblioteca enorme para receber todo mundo, mas a gente não consegue colocar mais de 40 alunos bem acomodados aqui”, conta Geisy. Mesmo no recreio, normalmente hora dedicada ao lanche e a brincadeiras, as crianças têm optado por passar a maior parte do tempo entre os livros. Uma atitude determinante para esse sucesso é a valorização das preferências dos frequentadores.

Além de coordenar a biblioteca da E.M. Prof. Milton Lage, Geisy Moraes também é responsável pelas bibliotecas de outras quatro escolas na regional. As cinco contam com assinaturas de revistinhas de super-heróis – aquisição que, segundo Geisy, demandou dela muita argumentação com as equipes de coordenação das escolas. Na Professor Milton Lage, por ser uma biblioteca polo aberta à comunidade, também é possível encontrar números atuais de revistas sobre celebridades, para atrair os pais. “Atendemos a comunidade, então temos uma prateleira chamativa. Pescamos esses usuários é pelo prazer”, afirma Geisy. Quando os alunos começaram a lhe perguntar sobre coisas interessantes que poderiam postar no Facebook, Geisy resolveu usar a rede social para promover a leitura: “A gente ofereceu papeizinhos para eles escreverem frases dos livros e tirarem fotos. E isso é viral. É isso mesmo o que eles querem!”

Sensibilidade e integração

Após formar-se em Pedagogia, em 1987, Geisy Moraes começou a trabalhar em um centro de informação técnica, o que a motivou a dar início, pouco tempo depois, aos estudos no curso de Biblioteconomia. Geisy avalia que a convergência entre seus dois campos de formação nas últimas décadas foi um ganho importante, por notar que as bibliotecas têm hoje “profissionais sensíveis com a área da educação”.

Ela lembra que, na época de sua juventude, ter tantos livros de fácil acesso era um luxo, não sendo fácil encontrar bibliotecas com acervos de “livros do momento e obras tão bonitas”. De lá para cá, o papel das bibliotecas se modificou, e para melhor, segundo a educadora, que lembra ainda que consolidar o gosto pela leitura é um processo que ainda está começando no país, mas começando bem. “Houve uma modificação nos acervos, que são muito bons, e os profissionais estão aprendendo a trabalhar, estão acreditando. O conceito de biblioteca está muito ligado ao conceito que se tem sobre educação”, afirma.

A partir de uma experiência da aula de Matemática em uma turma de 1º ano, a bibliotecária mostra como as atividades de ensino têm se integrado à biblioteca. “Os alunos foram coletando informações dos livros: se era romance, aventura, poesia etc., e, no final do ano, a professora apresentou a estatística com os dados coletados”, relata. Por fim, o relatório da turma apontou que o material mais procurado e lido de todo o acervo era, para a surpresa de todos, a poesia. “E ela, que ficava no fundo das prateleiras pela ordem numérica, acabou ganhando destaque, um lugar ‘VIP’ aqui na biblioteca”, conta Geisy, com entusiasmo.

Figurinhas literárias

Se as crianças adoram completar os álbuns da Copa do Mundo e do Campeonato Brasileiro, por que não aproveitar essa prática para estimular a leitura? Foi assim que Geisy Moraes decidiu criar, em uma das bibliotecas que coordena, o Álbum Literário. O projeto disponibiliza para cada estudante um álbum a ser preenchido com figurinhas referentes aos livros distribuídos pela Prefeitura de Belo Horizonte. A cada obra finalizada, além de pregar a figurinha correspondente, o aluno deve preencher, ao lado, campos que solicitam informações específicas sobre aquele livro. O professor verifica a escrita e as informações dadas pelos estudantes, conferindo a efetividade da leitura.