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Legibilidade em textos impressos para crianças

Autor: Luiz Augusto do Nascimento,

Instituição: Designer gráfico e diagramador,

A legibilidade é a propriedade de os caracteres tipográficos se distinguirem uns dos outros através de sua forma. O grau de legibilidade do texto impresso depende principalmente de cinco fatores: a letra utilizada (como Times, Arial, Futura); o tamanho da letra; o comprimento da linha de texto; o espacejamento entre as linhas de texto; o contraste entre a cor da letra e a do papel. Existem várias espécies de letras, que podem ser agrupadas em categorias como: com serifa (pequeno prolongamento das hastes das letras, como nas extremidades da letra A maiúscula da fonte Times), sem serifa, decorativas, manuscritas, góticas, entre outras. Cada letra possui uma “personalidade” própria, que é expressa por suas características visuais. Embora os tipos de letras desenhadas – chamadas de decorativas – tenham um forte apelo visual, suas características acabam prejudicando a distinção dos caracteres, diminuindo o grau de legibilidade do texto. As letras mais comumente utilizadas para a diagramação de textos impressos são as com serifa (como a Times) e as sem serifa (como a Arial). Estudos mais recentes demonstram que não há diferença entre esses tipos, em termos de legibilidade.

Quanto ao tamanho da letra minúscula (conhecida como altura-x), recomenda-se para crianças a medida de 3,5 milímetros. Esse valor é encontrado subtraindo-se as hastes ascendentes (presentes nas letras b, d e h) e descendentes (presentes nas letras g, j, q e y) do tamanho total da letra (corpo). Cada tipo de letra possui uma proporção entre as hastes ascendentes e descendentes, fazendo com que a altura-x seja diferente, mesmo para tipos de letra com o mesmo tamanho total. Por exemplo, a fonte Times corpo 12 tem as minúsculas menores do que a fonte Arial corpo 12, porque possui hastes ascendentes e descendentes maiores. Quanto maiores as hastes, menor o tamanho da minúscula.

O comprimento da linha de texto está relacionado com a quantidade de caracteres que a linha comporta. Se considerarmos o valor indicado para crianças, teremos linhas compostas por aproximadamente 44 caracteres, com fontes variando entre corpos de 23 a 25 pontos. Em relação ao espacejamento entre linhas, um valor confortável para a leitura é o de aproximadamente 1,5, considerando-se que uma linha de espaço corresponde ao tamanho da fonte. Em termos de contraste de cor, quanto maior o contraste entre a cor da letra e a cor do papel, maior a legibilidade do texto.

Na fase inicial da alfabetização, na qual a criança está reconhecendo os caracteres, deve-se fazer distinção entre letras que garantem conforto visual para leitores autônomos e letras que possuem formas mais estáveis de grafismos que facilitem sua identificação. Para o leitor inicial, alfabetizadores costumam trabalhar com a letra maiúscula de imprensa (sem serifa, como a Arial). No entanto, os textos impressos que circulam socialmente são diagramados com vários tipos de letra e as crianças devem se acostumar com essa diversidade – desde que os textos sejam produzidos dentro das melhores condições de legibilidade. Esta não deve ser confundida com a possibilidade de as crianças escreverem textos legíveis, pois isso depende de outros fatores, como a coordenação visomotora e o domínio do traçado das letras – objetos de ensino da caligrafia e de prática continuada.

Assim, um texto impresso adequado para crianças deve levar em conta fatores tipográficos como o tipo e o tamanho da letra; a quantidade de caracteres por linha; o espaço entre as linhas e a proporção entre a área de texto e o tamanho da página. Além disso, a impressão deve ser nítida e isenta de defeitos que comprometam a legibilidade.


Verbetes associados: Caligrafia, Cultura escrita, Grafomotricidade


Referências bibliográficas:
NASCIMENTO, L. A. O Design do livro didático de alfabetização: tipografia e legibilidade. Dissertação (Mestrado em Educação) Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte: 2011.

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