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Competência linguística

Autor: Luiz Carlos Travaglia,

Instituição: Universidade Federal de Uberlândia-UFU / Instituto de Letras e Linguística-ILEEL,

Competência linguística é um termo que denomina a capacidade do usuário da língua de produzir e entender um número infinito de sequências linguísticas significativas, que são denominadas sentenças, frases ou enunciados, a partir de um número finito de regras e estruturas.  Segundo alguns, é o conjunto de normas ou regras que temos em nossa mente (internalizadas, portanto) que nos permite emitir e receber frases, e julgar se elas são ou não bem formadas ou se podem ou não ser consideradas como frases que pertencem à língua. Assim julgamos que “O menino comeu a maçã” é uma frase da língua portuguesa, gramatical, isto é, produzida de acordo com a gramática da língua, as regras ou normas internalizadas. Por outro lado, uma frase como “Menino o comeu maçã a” é considerada como agramatical, ou seja, como uma frase estranha ou que não é boa e, portanto, não pertencente à língua, porque há uma regra da língua que não permite colocar o artigo depois do substantivo.

Em certa medida, a competência linguística pode ser vista como derivada da gramática da língua internalizada pelo falante. Esse conceito foi proposto por uma abordagem formal da língua, uma teoria chamada gramática gerativa, e se aplica ao ensino ao sugerirmos que nosso ensino de gramática deve ser voltado para uma possível ampliação dessa competência linguística, um dos requisitos para produzirmos textos em nossa língua, ao lado de outras competências como a textual, a comunicativa e a discursiva.

Os proponentes do conceito de competência linguística a veem como inata e, portanto, pode-se questionar se seria possível incrementá-la de algum modo. No entanto, podemos considerar que a competência linguística representa uma aptidão para identificar e manipular as formas dos signos (palavras, prefixos, sufixos, desinências de gênero e número, estruturas sintáticas, entre outros), as regras de combinação dos mesmos (a combinação de prefixos e sufixos com a raiz da palavra para formar novas palavras, a combinação de termos para formar uma oração, a combinação de orações para formar um período) e sua significação. Nesse sentido, acredita-se que se pode ampliar a competência linguística dos alunos possibilitando a eles a interação com gêneros textuais diversos, de modo a lhes permitir o conhecimento de novos signos e suas possíveis formas, sua possibilidade de combinação e suas possibilidades de sentido em diferentes textos e contextos.


Verbetes associados: Competência comunicativa, Competência discursiva, Formação de palavras, Gramática, Sintaxe


Referências bibliográficas:
PERINI, M. A. A gramática gerativa – introdução ao estudo da sintaxe portuguesa. Belo Horizonte: Vigília, 1976.
TRAVAGLIA, L. C. Gramática: Ensino plural. São Paulo: Cortez, 2011.

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