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Informação explícita no texto

Autor: Kátia Lomba Bräkling,

Instituição: Instituto Superior de Educação Vera Cruz (São Paulo) / Pós Graduação Formação de professores em Alfabetização e Ensino de Língua Portuguesa.,

Para que seja possível compreender o que vem a ser informação explícita em um texto, é preciso compreender que a linguagem verbal é polissêmica: um mesmo enunciado pode assumir diferentes sentidos em diferentes contextos e diferentes leitores podem atribuir sentidos distintos a um texto.

Vejamos a interação a seguir:

Aluno: [levantando a mão] Professora, você pode me dizer que horas são?

Professora: [olha no relógio e responde] Podem guardar o material, pessoal!

Aluno:Êba! [rapidamente, guarda o material, seguido por outros colegas]

Podemos observar que o aluno não perguntou se poderia guardar o material. No entanto, pela reação dele era o que queria saber. A professora, interpretando a sua intenção, autorizou a guarda do material, encerrando a aula. Nesse caso, o sentido dos enunciados foi definido por fatores externos ao texto, autorizados pelas características da situação comunicativa e pelo conhecimento mútuo dos interlocutores sobre si mesmos e sobre as regras de convivência colocadas.

Se o texto tivesse sido compreendido no sentido literal – ou seja, se tivessem sido consideradas as suas informações explícitas– a resposta da professora teria que ser outra- como, por exemplo, “São cinco para as 11”. Nesse caso, as autorizações não teriam sido dadas e os alunos continuariam executando as tarefas.

Podemos dizer, então, que o sentido de um texto é constituído tanto por informações que são apresentadas explicitamente na superfície ou linearidade do texto, quanto por outras, que se encontram implícitas. As primeiras são facilmente localizáveis no texto, pois se encontram escritas com todas as letras.  Já as segundas são dependentes do repertório prévio dos interlocutores e das características da situação comunicativa.

A capacidade de localizar informações explícitas no texto é fundamental para a constituição da proficiência leitora e deve ser objeto de ensino, desde os primeiros anos de escolarização, já no processo de alfabetização. Muitos consideram essa capacidade a mais simples de todas. No entanto, é preciso considerar que nenhuma capacidade de leitura é mobilizada no vazio, mas sempre em função da materialidade textual. Assim, se o texto for mais complexo ou extenso, o processo de localização da informação solicitada – e a decorrente atribuição de sentido - poderá ser igualmente mais complexo.


Verbetes associados: Compreensão leitora, Enunciação / enunciado, Informação implícita no texto, Leitor proficiente, Leitura colaborativa, Sentido, significado e significação, Situação comunicativa, Texto


Referências bibliográficas:
COLOMER, T. e CAMPOS, A. Ensinar a Ler, Ensinar a Compreender. Porto Alegre: Artmed, 2002.
KLEIMAN, A. Texto e Leitor- aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes/ UNICAMP, 1989a.
KLEIMAN, A. Oficina de Leitura. Campinas: Pontes/ UNICAMP, 1989b.
ROJO, R. Letramento e Capacidades de Leitura para a Cidadania. In: FREITAS, M. T. A.; COSTA, S. R. (Orgs.). Leitura e Escrita na Formação de Professores. Juiz de Fora: EDUFJF/COMPED/MUSA, 2002.

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