< ir para página inicial

Avaliação Externa

Autor: Gladys Rocha,

Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,

A avaliação externa à escola recebe essa denominação porque é concebida, planejada, elaborada, corrigida e tem seus resultados analisados fora da escola. Ela busca aferir o desempenho demonstrado pelos alunos, a fim de que seja possível confrontar o que o ensino é com o que deveria ser, do ponto de vista do alcance de algumas habilidades.

Diferentemente da avaliação interna (diagnóstica ou formativa) em que o professor, com base no que trabalhou em sala de aula, procura identificar o que os alunos aprenderam, a avaliação externa visa aferir habilidades e competências que, espera-se, tenham sido ensinadas em certo momento da escolarização. A avaliação externa se distingue, portanto, da interna, porque focaliza o ensino e não a aprendizagem.  

Quando apropriada com ênfase em sua função reguladora, ou seja, como instrumento de gestão, de orientação e promoção de políticas públicas voltadas à melhoria da qualidade do ensino, a avaliação externa possibilita aos gestores e às escolas confrontarem o que “seu ensino” é com o que ele deveria ser, em relação às expectativas de aprendizagens. A obtenção e análise dos dados de desempenho permite ao sistema, às instituições e aos professores confirmar o que fazem, ou redirecionar metas e fundamentar ações de enfrentamento dos problemas identificados.

Em outra perspectiva, quando a classificação se configura como o eixo central da avaliação, seus resultados são utilizados fundamentalmente para “rotular”, criar hierarquias de excelência, ou certificar escolas e/ou sistemas de ensino, através da implementação de políticas de responsabilização de escolas, conjuntos de escolas e/ou profissionais.

Observa-se, assim, que o potencial regulador da avaliação guarda estreita relação com seus modos de apropriação, que podem estar a serviço da classificação, ou da gestão do ensino e da escola.

A avaliação externa é também denominada avaliação sistêmica ou em larga escala. Sistêmica, quando se refere a uma rede ou sistema de ensino, o que ocorre, na maioria dos casos. Em larga escala, quando envolve um grande número de alunos.

Quanto ao modelo, a avaliação externa pode ser amostral ou censitária. A avaliação censitária procura abranger toda ou a maior parte dos alunos do período escolar a que se destina. Já o modelo amostral é aplicado para uma parcela, um grupo considerado estatisticamente representativo do conjunto de alunos do ano escolar avaliado, a fim de que os dados obtidos e as análises feitas possam ser considerados válidos para o conjunto da população. Face à sua metodologia, a avaliação amostral permite diferentes análises de caráter global, mas não o tratamento de resultados individualizados. Já a modalidade censitária, embora também focalize a obtenção de dados amplos sobre o desempenho da população, permite identificar os dados do conjunto de alunos avaliados e os de cada sujeito avaliado, em particular. No caso da alfabetização, a avaliação externa à escola, que teve sua primeira edição em Minas Gerais em 2005, tem contribuído para o diagnóstico de sistemas de ensino, permitindo a identificação de estágios de aprendizagem em alfabetização. Essa avaliação possibilita uma percepção, em nível macro, de perfis e grupos de alunos com diferentes conjuntos de habilidades: grupos em fase ainda inicial de reconhecimento de letras; grupos que decodificam palavras; e outros grupos que já demonstram habilidades e competências mais amplas de leitura e interpretação. A avaliação da alfabetização com inclusão de dados de escrita teve sua primeira formalização no país em 2008, em âmbito estadual. Em 2014, a avaliação da alfabetização ganha novo redimensionamento e contorno e parece se consolidar a partir da implementação de sua primeira edição censitária em âmbito nacional, englobando leitura e escrita.


Verbetes associados: Avaliação Diagnóstica, Descritor (de competência ou habilidade), Matriz de referência, Escala de proficiência


Referências bibliográficas:
KLEIN, R.; FONTANIVE, N. Avaliação em Larga Escala: uma proposta inovadora. Em Aberto, Brasília, v.15, n.66, p.29-34, jun.1995.

< voltar