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Livro-brinquedo

Autor: Ana Paula Mathias de Paiva,

Instituição: Doutora em Educação pela UFMG e professora mediadora de leitura.,

Livro-brinquedo é um termo recém-chegado ao vocabulário de Educação e que marca um lugar contemporâneo na produção editorial. Nomeia um gênero com expressividade e estrutura que representa uma nova perspectiva sobre livros infantojuvenis interativos, criados para entreter seus leitores e levá-los à ação a partir de jogos ou da leitura visomotora e verbo-sensorial. Tangível enquanto objeto, o livro-brinquedo valida a relação do leitor-criança – mas não exclusivamente este leitor – com um suporte de leitura lúdico, que em seus recursos gráficos se assemelha a um objeto de brincar com o qual as crianças gostam de interagir.

O conceito se retroalimenta da literatura industrial e da moderna demanda por entretenimento. Neste substantivo composto, “brinquedo” indica finalidade em relação às funções do termo “livro”. A nomenclatura tem por referência realizações dos séculos XVIII e XIX, londrinas e alemãs; por exemplo, de Robert Sayer – criador de livros com cenários móveis –, de Ernest Nister – criador de livros interativos movable (com aplicações móveis e deslizamentos), pop-ups (que saem do unidimensional e saltam aos olhos em 3D) –, da S&J Fuller e da Editorial Dean & Son – criadoras de livros para ler brincando, os toy books.

Tais obras alteraram o estilo de contar, ao propor que a ação direta do leitor coloque a história em movimento. No Brasil, o livro-brinquedo passou a ser legitimado desde os anos 1980, pela publicação Bibliografia de Literatura Infantil em Língua Portuguesa, editada pela Biblioteca Monteiro Lobato (SP), e nos anos 1990, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), quando conquistou espaço entre outros gêneros e passou a integrar premiações literárias.

O livro-brinquedo tem especificidade em relação à sua linguagem, ao seu público-alvo e às suas características estéticas – formatos, dimensões e montagens de cena interativas.

Na prática pedagógica, aliado ao letramento literário, o livro-brinquedo pode incentivar o gosto pelos livros, fomentar a apreciação e estimular a leitura antes mesmo da alfabetização, porque leva a criança a relativizar o que sente e entende da obra, pela acessibilidade a suas formas de escritas, jogos cognitivos e motores.


Verbetes associados: Bebetecas (bibliotecas para a primeira infância), Mediação literária na Educação Infantil, Mediadores de leitura , Multimodalidade, Neoleitor, Textos multimodais


Referências bibliográficas:
BENJAMIN, W. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Summus Editorial, 1982.
BIBLIOGRAFIA DE LITERATURA INFANTIL EM LÍNGUA PORTUGUESA. Publicação do Departamento de Bibliotecas Infantojuvenis da Secretaria de Cultura da Prefeitura do Município de São Paulo. São Paulo: Seção de Bibliografia e Documentação da Biblioteca Monteiro Lobato, 1985, 1986, 2001, 2003, 2004, 2006, 2008, 2009 e 2010.
PAIVA, A. P. Livro-brinquedo, muito prazer. In: SOUZA, R. J.; FEBA, B. Leitura literária na escola. Reflexões e propostas na perspectiva do letramento. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2011.
PAIVA, A. P. Ler: uma brincadeira e tanto. REVISTA EDUCAÇÃO. Literatura Infantil, São Paulo, v. 1, p. 14-25, 2012.

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