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Sonoridade

Autor: Daniela Mara Lima Oliveira Guimarães,

Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto-UFOP,

O termo sonoridade, em seu sentido amplo, refere-se aos sons e é muito utilizado para tratar de sotaques, pronúncia, melodia e voz. Relaciona-se, portanto, à Fonética, à Fonologia, à Música, dentre outros campos. Para a alfabetização, interessa de forma direta a compreensão do conceito de sonoridade para designar vozeamento.

O vozeamento é a vibração das pregas vocais, também chamadas cordas vogais, tecidos musculosos que se localizam na laringe, região da garganta. É possível sentir a vibração das pregas vocais se colocarmos a mão na garganta, em cima do que popularmente chamamos de pomo de adão ou gogó. Em sons vozeados, que são também chamados sonoros, podemos sentir a vibração das pregas vocais que ocorrem como consequência da abertura e fechamento dos músculos que a compõem. Podemos verificar isso ao produzirmos o som de [z] continuamente. Nesse caso, quando colocamos a mão sobre a garganta, sentimos a vibração das pregas vocais, que resulta no vozeamento. No entanto, se produzimos o som de [s] continuamente, com a mão no mesmo ponto, não vamos sentir vibrar, pois o [s] é um som não vozeado (também chamado desvozeado ou surdo).

No português, o vozeamento é uma característica muito importante, pois existem pares de sons, semelhantes em todos os aspectos, mas que se diferenciam apenas pelo vozeamento, como, por exemplo, os sons [p] e o [b]. Se apenas fingirmos que estamos produzindo esses sons, sem que saia emissão de voz, verificaremos que são idênticos: ambos produzidos com o encontro dos lábios. O que diferencia os dois é justamente o vozeamento. O [b] é vozeado e o [p] é desvozeado. Isso causa certa dificuldade para a criança quando ela se atém aos sons para escrever. Principalmente, quando ela produz o som em voz baixa, quase sussurando. Nesse caso, a percepção fonética fica comprometida e trocas de [p] por [b] ou [t] por [d], entre outros exemplos, podem ser explicadas considerando-se o padrão de vozeamento. É comum tanto a troca de um som vozeado por outro desvozeado  como o contrário; a troca um som desvozeado por um vozeado. Nesse caso, no lugar de ‘bala’, a criança escreve ‘pala’.

O conhecimento da noção de vozeamento pelo professor é, então, fundamental para compreender as trocas das crianças entre sons vozeados e desvozeados, recorrentes no processo de alfabetização, e ajudar os aprendizes a superar  esse problema.


Verbetes associados: Fala, Fone, Fonema, Fonética, Fonologia,


Referências bibliográficas:
CAGLIARI, L. C. Alfabetização & linguística. São Paulo: Scipione, 1990.
CAGLIARI, L. C. Alfabetizando sem o BA-BE-BI-BO-BU. São Paulo: Scipione, 1999.
CRISTÓFARO-SILVA, Thaïs. Fonética e Fonologia do Português: roteiro de estudo e guia de exercícios. São Paulo: Contexto, 2009.
OLIVEIRA, M. A. Conhecimento linguístico e apropriação do sistema de escrita. Belo Horizonte: Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita – Ceale/ FaE/ UFMG, 2005. Coleção Alfabetização e Letramento (Caderno do Formador).

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