Ceale recebe professores do Rio Grande do Sul em evento de formação

Encontro aconteceu na terça-feira, dia 09, na FaE/UFMG


     

Geral • Segunda-feira, 15 de Abril de 2024, 10:25:00

Na última terça-feira, dia 09/04, o Ceale recebeu professores, coordenadores e assessores que participam do curso de Formação para Docência em Letramento e Alfabetização de Novo Hamburgo-RS. O encontro aconteceu na sala de teleconferências da Faculdade de Educação da UFMG, onde todos se sentaram em círculo, promovendo um ambiente de diálogo mais participativo.

Para abrir o dia, o diretor do Ceale, professor Gilcinei Teodoro Carvalho, e a vice-diretora, Daniela Montuani, deram boas-vindas aos convidados e falaram um pouco sobre a formação e a importância do encontro presencial para as atividades desenvolvidas. O coordenador de Formação Continuada da Secretaria de Educação de  Novo Hamburgo, Carlos Bach, também disse algumas palavras de agradecimento e sobre as expectativas em relação ao curso. “A gente vem em busca dessa parceria para qualificar esse processo, não só da alfabetização, mas a partir da alfabetização”, afirmou o coordenador. Em seguida, ele convidou os demais participantes a se apresentarem. Todos falaram sobre o que buscam com a Formação e como ela irá auxiliar nas respectivas áreas de atuação. 


 

A primeira palestra foi ministrada pelo professor Gilcinei, que falou sobre como são discutidos os conceitos de alfabetização e letramento na atualidade. O professor usou como referência o Glossário produzido pelo Ceale, enfatizando o prefácio da obra e o verbete sobre alfabetização, ambos escritos pela professora Magda Soares. Gilcinei fez reflexões e indagações sobre como a alfabetização e o letramento são aplicados nas escolas e se os trabalhos acompanham as demandas atuais que surgem a partir dos novos contextos. Os participantes contribuíram com o debate com percepções próprias e exemplos do cotidiano da profissão.

 

 

Após um intervalo para um lanche, teve início a palestra da professora Sara Mourão, que falou sobre a leitura no processo de alfabetização e letramento. Primeiro, a professora ressaltou a importância do diálogo entre as diversas áreas da escola, que influencia, por exemplo, as avaliações diagnósticas, instrumentos muito importantes para a adequação do ensino às necessidades reais. Sara introduziu o tema da leitura comentando sobre a fala do professor Gilcinei, e analisando aspectos relacionados ao tema. Em seguida ela fez uma provocação: “O que entendemos por ensinar leitura? Em essência, quando falamos em ensinar a ler, o que buscamos?”. Os cursistas opinaram sobre a pergunta e levantaram outras reflexões a partir dela, suscitando um rico debate acerca do assunto. 

 

 

Fechando as palestras do turno da manhã, a professora Isabel Frade falou sobre o processo de produção de texto na alfabetização. Ela destacou aspectos importantes, com definições técnicas sobre o que é o texto e suas características e ressaltou o papel protagonista das crianças nas produções e no aprendizado do processo de criação de textos. A professora falou também sobre a leitura como fator essencial para a construção de um repertório: “A produção de texto sempre se alimenta da leitura e da oralidade, (...) esse repertório que a gente constroi com a criança tem a ver com todas as experiências que ela vive em relação aos textos, textos de diferentes naturezas, desde o mais verbal até o mais multissemiótico, e do que circula sobre essa produção na sala de aula. E aí uma grande questão é que a gente constroi repertório para produzir texto com a leitura, ninguém escreve sobre algo que nunca viu, ninguém consegue trabalhar com uma estrutura que nunca vivenciou.” 

 

 

 

Logo após uma pausa para o almoço, o grupo aproveitou a oportunidade de visitar o Jardim Mandala, ponto popular da Faculdade de Educação. Lá, conheceram um pouco sobre os diferentes tipos de plantas presentes ali, tomaram um chá de capim-limão e aprenderam sobre as atividades artísticas relacionadas aos saberes tradicionais realizadas no jardim. Após o momento de descontração, voltaram à sala de teleconferências para assistir à palestra da professora Valéria Barbosa de Resende, que abordou as diferentes facetas da apropriação do sistema de escrita alfabética. Ela falou também sobre a sua pesquisa em Escrita Inventada, conceito que propõe uma forma diferenciada de mediação com o estudante, dando-o mais autonomia. 


 

Em seguida, a professora Daniela Montuani, vice-diretora do Ceale, falou sobre o papel da consciência fonológica na alfabetização, usando o trabalho da professora Magda Soares como base teórica. O tema acabou por desencadear uma discussão sobre novos métodos controversos como o “das boquinhas”, que surgiram ao longo dos últimos anos. Daniela reitera que apesar de se apresentarem como um porto seguro para alguns alfabetizadores, esses métodos devem ser questionados quanto à sua eficácia e aplicação. A professora Isabel, que também estava presente, levantou uma provocação pertinente, acrescentando que esses métodos estejam “ocupando lugares que deixamos vazios”. 

 

 

Para finalizar as atividades do dia, o grupo realizou uma visita ao Laboratório de Alfabetização e Letramento do Ceale. Lá, viram como funcionam as atividades realizadas e os materiais produzidos pelo LAL. No laboratório, a professora Maria José apresentou uma palestra sobre o ensino do sistema de escrita ortográfico e como ele pode ser repensado na sala de aula, com um maior enfoque naquilo que o aluno acerta e se utilizando de jogos e brincadeiras pensados para isso. “Tem hora que a gente focaliza tanto o erro que a criança cometeu, que esquecemos o tanto que ela está acertando”, afirma. Ao final, ela declara que “a ortografia deve perpassar todo o processo de alfabetização, não sendo apenas o final do percurso”.

 

 

Ao se despedir dos professores, ressaltando o quão produtivo o dia havia sido, a professora Daniela aproveitou a oportunidade para ressaltar a importância dessas formações. “Vocês como município, ao desenvolver essas atividades, são uma voz muito potente. Mostram que essas ideias também funcionam fora dos limites das universidades”.

O grupo de convidados ainda aproveitou mais dois dias em Belo Horizonte, com visita ao Instituto Inhotim em Brumadinho e à cidade de Lagoa Santa, para conhecer de perto o projeto Alfaletrar.