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Articuladores textuais

Autor: Janice Helena Chaves Marinho,

Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,

Articuladores textuais, ou marcadores discursivos, são expressões linguísticas, provenientes das classes de conjunções, advérbios, preposições, envolvidas na construção do sentido do texto.  Eles relacionam segmentos textuais de qualquer extensão (períodos, parágrafos, sequências textuais ou porções maiores do texto) e contribuem para a interpretação do enunciado, com três funções relevantes: cognitiva, por guiarem o interlocutor no percurso interpretativo do texto; enunciativa, por remeterem ao próprio evento da enunciação; argumentativa, por apontarem a orientação argumentativa do texto.

Vamos considerar três tipos de articuladores. Primeiro, os organizadores textuais, que ordenam o texto em uma sucessão de segmentos complementares: em primeiro lugar/em segundo lugar, depois/em seguida/enfim, por um lado/por outro lado.

Um segundo tipo é representado pelos marcadores metadiscursivos, que atribuem um ponto de vista a partes do texto, servindo para o locutor comentar a formulação do enunciado ou a própria enunciação. Eles podem ser subdivididos em: (1) modalizadores, que são usados para o locutor se posicionar diante do que diz: certamente, evidentemente, aparentemente, obrigatoriamente, sem dúvida, (in)felizmente, lamentavelmente, talvez, no meu modo de entender, em resumo, entre muitos outros; (2) articuladores metaformulativos, que são usados quando o locutor faz reflexões sobre a forma como empregou termos ou palavras em seu texto, ou sobre a função de um segmento em relação a um anterior: mais precisamente, sobretudo, isto é, quer dizer, na verdade, quanto a, em relação a, a respeito de, a título de esclarecimento/de comentário/de crítica e outros; (3) articuladores metaenunciativos, que são usados na introdução dos enunciados e evidenciam que o locutor está refletindo sobre sua forma de expressão: digamos(assim), como se diz, podemos dizer, sei lá, grosso modo...

O terceiro tipo de articuladores são os conectores, que encadeiam as diferentes partes do texto, expressando uma relação entre elementos linguísticos ou contextuais. Os mais conhecidos são: porque, pois, uma vez que, já que, devido a, se, logo, então, portanto, de modo que, assim, a fim de; mas, porém, entretanto, embora, apesar de, mesmo que, ainda que; ou seja, ou melhor, enfim, finalmente.

Na prática pedagógica, o estudo dos articuladores textuais é importante para a melhor compreensão do processo de construção do sentido do texto e do discurso. Considera-se que o emprego inadequado dos articuladores ou uma interpretação inadequada de seu uso pode constituir um problema tanto na produção quanto na recepção de textos, interferindo no seu processamento. Mas não é recomendável apresentar atividades que visam à assimilação de classificação e reconhecimento dessas expressões. É preciso, ao contrário, tratar de sua função e de seu uso na construção da coesão e coerência textuais.


Verbetes associados: Coerência textual, Coesão textual, Enunciação / enunciado, Recursos coesivos , Texto


Referências bibliográficas:
ADAM, J-M. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. São Paulo: Cortez Editora, 2008.
ALMEIDA, D. M. V.; MARINHO, J. H. C. Dos Marcadores Discursivos e Conectores: Conceituação e Teorias Subjacentes. Gláuks. v. 12, n. 1, 2012. p. 169-203.
ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
KOCH, I. V. Introdução à Linguística Textual: trajetória e grandes temas. São Paulo: Martins Fontes, 2004. Cap. 8. p. 81-144.

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