< ir para página inicial

Métodos e metodologias de alfabetização

Autor: Isabel Cristina Alves da Silva Frade,

Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,

Os métodos clássicos de alfabetização são divididos em sintéticos e analíticos. Os primeiros métodos utilizados no ensino da escrita foram os sintéticos. Vários deles permanecem até os dias atuais, baseados em um pressuposto central: o de que a compreensão do sistema de escrita se faz sintetizando/juntando unidades menores, que são analisadas para estabelecer a relação entre a fala e sua representação escrita, ou seja, a análise fonológica. Dependendo do método, essas unidades de análise podem ser escolhidas entre letras, fonemas ou sílabas, para formar um todo. A isso denominamos decodificação ou decifração.

Os métodos analíticos partem do todo para as partes e procuram romper radicalmente com o princípio da decifração. São mais conhecidos os métodos global de contos e de palavração/sentenciação. Está presente nesse movimento metodológico a defesa do trabalho com sentido, na alfabetização, enfatizando-se o reconhecimento global como estratégia inicial, para que os aprendizes realizem, posteriormente, um processo de análise de unidades menores da língua.

Diferentes significados têm sido relacionados ao termo “métodos de alfabetização, que pode designar: um método específico, como o silábico, o fônico, o global; um livro didático de alfabetização, proposto por algum autor; um conjunto de princípios teórico-procedimentais que organizam o trabalho pedagógico em torno da alfabetização, nem sempre filiado a um referencial teórico explícito ou único; um conjunto de saberes práticos ou de princípios organizadores do processo de alfabetização, (re)criados pelo professor em seu trabalho pedagógico.

Os termos “metodologias” e/ou “didáticas da alfabetização” se referem a um conjunto amplo de decisões relacionadas ao como fazer. Implicam decisões relativas a métodos, à organização da sala de aula e de um ambiente de alfabetização e letramento, à definição de capacidades a serem atingidas, à escolha de materiais, de procedimentos de ensino, às formas de avaliar, sempre num contexto da política mais ampla de organização do ensino. Decisões metodológicas sobre procedimentos de ensino são tomadas em função dos conteúdos de alfabetização que se quer ensinar e do conhecimento que o professor possui sobre os processos de aprendizagem dos alunos, quando estes tentam compreender o sistema alfabético e ortográfico da língua e seu funcionamento social.

Embora vários métodos estejam definidos, em seus pressupostos, de uma forma abstrata e idealizada, como princípios de organização, os professores não se apropriam da mesma maneira das prescrições existentes em determinado método ou metodologia. Usam intuições, competências e conhecimentos advindos de suas práticas bem-sucedidas.


Verbetes associados: Método alfabético e de soletração, Método fônico ou fonético, Método global, Método natural/ método Freinet/ método de linguagem integral , Métodos de palavração e de sentenciação, Método silábico, Proposta de Paulo Freire para a alfabetização


Referências bibliográficas:
FRADE, I. C. A. da S. Alfabetização hoje: onde estão os métodos? Presença Pedagógica. Belo Horizonte: V. 9, n. 50. Mar/abr 2003.
SOARES, M. Alfabetização: em busca de um método? Educação em Revista. Belo Horizonte: UFMG, n. 12, dez. 1990.

< voltar