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Método silábico

Autor: Isabel Cristina Alves da Silva Frade,

Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,

Posicionado no grupo dos métodos sintéticos, que se organizam das partes para o todo, o método silábico se caracteriza pela apresentação visual de sílabas prontas, sem forçar a articulação das consoantes com as vogais, e sem destacar as partes que compõem a sílaba. O princípio básico é que a consoante só pode ser emitida se apoiada na vogal; logo, somente a sílaba (e não as letras) pode servir como unidade linguística para o ensino inicial da leitura.

No desenvolvimento do método, geralmente é escolhida uma ordem de apresentação “do mais fácil para o mais difícil”, ou seja, das sílabas “simples” para as “complexas”. Em várias cartilhas, o trabalho inicial deste método centra-se nas vogais e em seus encontros, como uma das condições para a sistematização posterior das sílabas. Muitas delas apresentam desenhos e palavras-chave cujas sílabas iniciais, realçadas em outras cores e tipos gráficos, são apenas apresentadas e depois destacadas das palavras e memorizadas em grupos silábicos. As famílias silábicas são inicialmente compostas por consoante e vogal (da, de, di, do, du) e recompostas para formar novas palavras. Gradativamente, pequenas frases e textos são propostos, a partir de combinações entre sílabas já estudadas. Em geral, a preocupação em focar a sílaba é maior do que a preocupação com o sentido e as estruturas das frases e dos textos.

O método silábico nem sempre é concretizado da mesma forma nos livros didáticos. Felisberto de Carvalho defendia que o método de emissão de sons não deveria mostrar à criança as letras isoladas, como na escrita, mas sons e articulações como na palavra falada. Seu Primeiro Livro de Leitura, publicado em 1892, apresentava as sílabas em forma de monossílabos significativos, apoiados no desenho – como pá, pé – ou palavras dissílabas sem distinção gráfica (como dado) ou com leve separação gráfica (como da- do), com ou sem apoio de desenhos. Desde a primeira lição, estas já eram aplicadas em expressões e frases. A Cartilha Sodré, publicada na década de 1940, apresenta mais de uma sílaba em cada lição, mas escolhe sílabas com uma mesma vogal, visando a reduzir o número de sílabas para o aprendiz. A partir da ilustração de uma pata nadando, aparece na primeira lição: “A pata nada./ Pata, nada/ Pa na /pata papa”. 

O método silábico atende a um princípio importante e facilitador da aprendizagem: quando falamos, pronunciamos sílabas, e não letras ou sons separados, e opera com um fragmento que pode ser reconhecido sem preocupação sobre sua relação direta com o som da fala. Existem várias sílabas que comportam mais letras do que os sons que pronunciamos; há letras que têm mais de uma representação sonora ou sons representados por mais de uma letra; há sílabas de uma a cinco letras que podem ser decifradas num bloco silábico único, e não elemento a elemento. 

Na escrita alfabética, em geral, aparecem vários tipos de combinações silábicas na mesma palavra. Portanto, dois procedimentos são importantes para os processos de registro escrito e decodificação na leitura: a análise fonológica da sílaba, como segmento que compõe a cadeia sonora da fala e seu registro escrito, e a segmentação de palavras escritas em sílabas a serem lidas numa dada sequência.


Verbetes associados: Consoantes, Decodificação, Estrutura Silábica, Fala, Fonologia, Métodos e metodologias de alfabetização, Sílaba, Sílaba canônica, Sonoridade, Vogais


Referências bibliográficas:
FRADE, I. C. A. S. Métodos de alfabetização, métodos de ensino e conteúdos da alfabetização: perspectivas históricas e desafios atuais. Educação (UFSM), v. 32, p. 21-40, 2007.
MORTATTI, M. R. L. Os sentidos da alfabetização. São Paulo: INESP/CONPED/INEP, 2000.
SOARES, G. R. Estudo comparativo dos métodos de ensino da leitura e da escrita. Rio de Janeiro: Papelaria América Editora, 1986.

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