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Modos de ler na infância

Autor: Heliana Maria Brina Brandão,

Instituição: Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto-ICHS/UFOP,

Os modos de ler na infância realizam-se bem antes e muito além da alfabetização ou da efetiva apropriação do código escrito. Há autores que consideram que a criança pode encontrar-se em uma situação de leitura a partir da voz da mãe, antes mesmo do nascimento. Os modos de ler na infância podem variar de acordo com: a natureza e o suporte dos textos a serem lidos – visuais, verbais, orais, audiovisuais, impressos em livros, revistas, embalagens, nos brinquedos, nas telas, teclados; os propósitos do leitor criança em relação ao texto que toma para ler – para se divertir, se informar, rezar, aprender como funciona, se comunicar, demandando diferentes operações mentais aplicadas à leitura  - antecipação/predição, comparação, generalização, inferência e outras estratégias; as posturas assumidas pela criança durante a leitura – deitada, reclinada, sentada, em pé, em movimento, que devem ser consideradas na criação dos espaços de leitura da criança, como a bebeteca; e as efetivas situações de leitura, podendo ser mediada, autônoma, compartilhada, individual ou coletiva. Essa diversidade de modos na interação das crianças com os textos sinaliza a necessidade de que as situações e os ambientes, escolares ou familiares, propostos para o estímulo da prática leitora devem manter em perspectiva a não restrição de qualquer desses modos, para que o leitor criança se sinta à vontade para ler como lhe aprouver.

Na escola ou fora dela, seja o texto literário ou não, é preciso considerar que dos meios pelos quais a leitura é ou deixa de ser estimulada decorrem as atitudes das crianças em relação ao ato de ler, construindo o papel que essa prática representará em sua realidade social, atitudes essas que não dizem respeito somente às crianças, mas também ao modo como os adultos, que lhes servem de referência, percebem essas atitudes e com elas interagem. Assim, aos educadores, profissionais ou não, cabe perceber que a situação de compartilhamento espontâneo da leitura é mais desejável que a mediação, sem que isso lhes tire a responsabilidade de estarem sempre prontos e preparados para a necessidade de mediar, quando instados pela criança ou em função do tipo ou gênero do texto a ser lido. Também em relação à leitura autônoma ou individual, aos modos de leitura que a criança pode assumir, corresponde a percepção do educador quanto às possibilidades de incentivar o compartilhamento de interpretações do texto lido por parte da criança, estimulando a expansão do que se leu em direção a outros textos.


Verbetes associados: Bebetecas (bibliotecas para a primeira infância), Contação de histórias, Gêneros literários para crianças, Leitura , Letramento, Livro-brinquedo, Mediadores de leitura , Mediação literária na Educação Infantil, Práticas de leitura


Referências bibliográficas:
COLOMER, T. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007.
CAVAGNOLI, K. C.; CRUZ, L. R.; HILLESHEIM, B. Leitura e modos de subjetivação: um estudo com crianças. Disponível em: WWW.periodicos.ulbra.br/indez.php/txra/article/download/1019/803. Acesso em: 22/05/14.
MACHADO, M. Z. V. (org.). A criança e a leitura literária: livros, espaços, mediações. Curitiba: Positivo; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2012.
MARTINS, A.; PAIVA, A.; PAULINO, G.; VERSIANI, Z. Literatura e letramento: espaços, suportes e interfaces – O jogo do livro. Belo Horizonte: Autêntica / CEALE/ FaE/ UFMG, 2003.

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