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Paradidáticos

Autor: Egon de Oliveira Rangel,

Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP,

Ao que tudo indica, o termo paradidáticos surgiu como adjetivo, qualificando um tipo de publicação que, a partir da década de 1970, começou a proliferar na produção editorial brasileira voltada para o uso escolar. Tratava-se, então, de distinguir esses produtos dos livros didáticos tradicionais, sempre associados a disciplinas, organizados em coleções seriadas e pensados para uso cotidiano. A principal diferença residia no fato de os paradidáticos não pretenderem cobrir a matéria de uma série nem, muito menos, de todo um segmento do ensino. Fixavam-se, antes, em um único tópico de interesse curricular, tratado de forma mais especializada e/ou aprofundada, como classes de palavras, metáfora, neologismo ou poesia, no caso de Língua Portuguesa. Em consequência, esses livros podiam ser utilizados em diferentes momentos e níveis de ensino.

Quando abordavam temas que hoje denominaríamos como transversais, podiam, ainda, servir a diferentes disciplinas, em especial as de uma mesma área, como História e Geografia. Por outro lado, quanto mais dirigidos a níveis mais altos de ensino, mais podiam se assemelhar a obras de divulgação científica para públicos não escolares; ou mesmo a produções literárias ou de entretenimento, em particular nos casos em que recorriam a narrativas ficcionais para abordar o tema selecionado.

Assim, a expressão passou a designar esse tipo de produção editorial; e vem sendo empregada, desde então, como substantivo. Nessa condição, os paradidáticos têm sido objeto de grande interesse nas políticas públicas em Educação, tendo motivado muitos estudos e investigações, sob perspectivas tão distintas quanto o mercado editorial, a transposição didática de conceitos e noções, a flexibilidade de uso, os recursos didáticos, os padrões de textualidade e os modos de ler.

Promovendo análises sistemáticas desses livros, muitos pesquisadores têm se perguntado se os paradidáticos constituiriam um gênero discursivo, a exemplo do que outros investigadores postularam para os livros didáticos. No entanto, a variabilidade desses materiais é bastante ampla, dificultando a definição de características que lhes seriam exclusivas. Em contrapartida, os seus muitos usos escolares – sempre complementares e/ou alternativos aos tradicionalmente associados aos livros didáticos – é que têm sido decisivos para que certas produções editoriais sejam consideradas paradidáticas.

No âmbito das políticas públicas nacionais, os paradidáticos mais compatíveis com os anos da alfabetização inicial são os que compõem os acervos de materiais complementares. Finalmente, os acervos de dicionários destinados às salas de aula, assim como os de literatura infanto-juvenil para as bibliotecas escolares, expandem e diversificam a oferta de paradidáticos para o Ensino Fundamental público.


Verbetes associados: Dicionários – seu uso em alfabetização, Livro-brinquedo, Livro de imagens, Livro didático de alfabetização , Livro didático de Língua Portuguesa, Políticas públicas de leitura literária


Referências bibliográficas:
MUNAKATA, K. Produzindo livros didáticos e paradidáticos. 1997. Tese (Doutorado em Educação) PUC-SP, São Paulo: 1997.
RANGEL, E. O. Material adequado, escolha qualificada, uso crítico. In: CARVALHO, M. A. F.; MENDONÇA, R. H.(orgs.). Práticas de leitura e escrita. Brasília: Ministério da Educação; Secretaria de Educação a Distância, 2006.

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