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Produção de textos orais

Autor: Cecília M. A. Goulart,

Instituição: Universidade Federal Fluminense-UFF,

Atividade essencial no período da alfabetização, a produção de textos orais é importante ao longo de todo o processo de escolarização, sobretudo na Educação Infantil e nos anos iniciais do primeiro segmento do Ensino Fundamental. Os saberes, sentimentos, valores de nossas crianças, tudo é expresso com a linguagem verbal desde o momento em que começam a se entender no mundo. A linguagem oral se produz continuamente abraçada a outras formas de expressão, cujos elementos também externam conhecimentos dos falantes: gestos, sons, cores, números, letras, movimentos. A relevância desta atividade no processo de alfabetização se caracteriza por três dimensões entrelaçadas.

A primeira dimensão: a relevância de práticas pedagógicas interativas, em que os participantes falem e sejam ouvidos – em que todos vivam a experiência de interagir e dialogar. Conversando, nos apresentamos para os outros, expomos peculiaridades, sentimentos e conhecimentos e, do mesmo modo, nos aproximamos dos outros para conhecê-los. Essas interações são fundamentais para os integrantes do processo pedagógico se legitimarem como partes do grupo e se sentirem dispostos a trocar saberes, construindo conhecimentos juntos, de forma participativa e colaborativa.

A segunda dimensão: a experiência dos alunos com a cultura letrada se constitui por meio de práticas orais, via materiais escritos e conhecimentos específicos da constituição do sistema alfabético na sala de aula. Reflexões e perguntas sobre a composição de palavras em letras, o destaque a rimas, as semelhanças e diferenças entre unidades da língua em palavras e textos, e também sobre suportes de textos e sentidos do escrito, a relação entre a fala e a escrita, entre outros, podem ser temas de conversas.

A terceira dimensão: a importância de atividades que, deliberada e reflexivamente, focalizem a produção de gêneros do discurso orais. Podem-se aproveitar situações sociais do cotidiano das crianças para sugerir a criação de ações como convidar, listar, avisar, dar recados, contar histórias, entrevistar, relatar, expor um problema – individualmente, em duplas ou coletivamente –, explorando elementos ao longo de cada criação: tema do texto, objetivo, destinatário, tratamento, extensão e características próprias a cada gênero. A organização e a encenação de pequenos diálogos sociais típicos também se mostram atividades produtivas: na escola, na rua, no médico, no mercado, em programas de TV,  ao telefone e em outras situações escolhidas pela turma. O tom das cenas? Triste? Engraçado? E o registro? Formal? Informal? As crianças podem fazer ensaios, variações, revisões. Ao final, todos conversam e comentam sobre as apresentações, observando pontos positivos e negativos,  gerando temas e situações para novas atividades orais.


Verbetes associados: Alfabetização, Gêneros do discurso, Interação, Interação verbal, Palavra, Suportes da escrita, Texto, Produção de textos


Referências bibliográficas:
FRANCHI, E. P. Pedagogia da Alfabetização: da oralidade à escrita. São Paulo: Cortez, 2001.
ROCHA, G.; COSTA VAL, M. G. (orgs.). Reflexões sobre Práticas Escolares de Produção de Texto. Belo Horizonte: Autêntica/Ceale, 2003.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: Atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.

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